Foto: Rafael Favero (Diário)
Júlio Couto mostra o local em que uma boca de lobo foi inutilizada pelo mato, lixo e terra
"Para iniciarmos a conversa, vou te dizer uma verdade: o Chácara das Flores é um bairro abandonado". Foi com a frase acima que o corretor de imóveis Júlio Couto, 59 anos, definiu o local em que mora há quatro décadas. Há oito anos, ele é o presidente da Associação Comunitária do Bairro Chácara das Flores, onde ouve as demandas da vizinhança e, ao lado de parceiros que se preocupam com a situação da região, busca denunciar e pedir providências para os problemas do bairro que fica na região norte de Santa Maria.
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Na Rua Aparício Borges, principal via de acesso ao Chácara das Flores, Couto afirma que os alagamentos são problemas constantes. Segundo ele, em períodos de chuva, as bocas de lobo não conseguem dar vazão à água, pois estão entupidas de lixo e terra. Na mesma rua, há uma grande poça de água permanente em frente a uma parada de ônibus.
- Essa água é resultado dos alagamentos. É água da chuva que nunca seca e, agora, tem até esgoto cloacal misturado. É um lugar perfeito para a proliferação de mosquitos da dengue, bem onde passam muitas crianças para ir para à escola e onde vários trabalhadores esperam o ônibus diariamente - indigna-se o presidente da associação.
Foto: Rafael Favero (Diário)
Moradores aguardam o ônibus em uma parada sem bancos e cobertura. As esperas pelo transporte são sob sol e chuva
Conforme as estimativas do morador, cerca de 200 pessoas utilizam o ponto diariamente para esperar o transporte público. Além de estar junto ao acúmulo de água, a estrutura da parada está desgastada pela ação do tempo, não tem mais cobertura e está rodeada pelo mato alto. Por outro lado, na Rua das Marcelas, final da linha do transporte público, o dilema não é a estrutura do ponto de embarque, mas sim a ausência de um.
Quem passa pela esquina da ruas Aparício Borges e Silvio Romero nem se dá conta de que ali existe uma boca de lobo. O mato, o lixo e a erosão cobriram completamente a estrutura que servia para evitar os alagamentos que hoje dão dor de cabeça aos moradores dessas duas ruas.
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Couto ressalta que o bairro precisa de mais atenção do poder público, mas também diz que as reivindicações da população do local não começaram na administração do prefeito Jorge Pozzobom (desde 2017):
- Pedimos providencias para a prefeitura, no mínimo, desde a administração do Valdeci Oliveira, no início dos anos 2000.
Na opinião do líder comunitário, não ter um representante na Câmara de Vereadores é um dos motivos pelos quais as demandas da população não são atendidas:
- Não tem nenhum representante de toda a Zona Norte na Câmara. É inacreditável, pois envolve bairros históricos como o Chácara das Flores e o Itararé.
BURAQUEIRA
Os motoristas que passam pela região fazem eco a uma das principais reclamações dos santa-marienses: os buracos. A Rua Doutor Oscar José Pithan, ao lado do abrigo espírita que leva o mesmo nome, é a campeã de reclamações.
Foto: Rafael Favero (Diário)
Buraqueira na Rua Doutor Oscar José Pithan chama atenção de motoristas e pedestres que passam pelo local
Mas as demandas do bairro também passam pela falta de conscientização de muita gente. Sacolas plásticas, garrafas de bebidas alcoólicas, móveis e eletrodomésticos abandonados são facilmente encontrados nas ruas. O presidente da associação afirma que muitos moradores não têm condições financeiras para pagar por fretes que levem lixos de grande porte, como roupeiros, geladeiras e mesas, para os locais adequados. Para ele, a prefeitura deveria determinar um dia para recolhimento deste tipo de objeto e evitar o acúmulo.
Foto: Rafael Favero (Diário)
Colchão foi descartado dentro da sanga que atravessa a Rua Aparício Borges. Descarte irregular de materiais pela própria população é frequente na região
No entanto, Couto também constata que algumas pessoas não se preocupam com o seu lixo e o colocam em qualquer lugar. Na sanga que corta a Rua Aparício Borges, foi jogado, inclusive, um colchão de casal.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Sobre os alagamentos
- Segundo o secretário adjunto de Infraestrutura, Wagner da Rosa, a limpeza das caixas coletoras da rede e do canal de captação de água é feita periodicamente. A causa principal dos alagamentos da região do Bairro Chácara das Flores se deve à ocupação irregular do solo, construções sobre as galerias e redes pluviais. Também por conta do descarte irregular de lixo e de bens inservíveis que contamina e obstrui o sistema de drenagem de águas pluviais.
Sobre a parada de ônibus na Rua Aparício Borges
- Conforme o Executivo, as solicitações referentes aos abrigos de ônibus devem ser encaminhados ao Protocolo Geral da prefeitura, que fica no primeiro andar do Centro Administrativo Municipal, na Rua Venâncio Aires, e funciona das 7h30min às 13h, de segunda a sexta-feira. A partir daí, as demandas são direcionadas para a secretaria. A prefeitura salienta que tem se esforçado para atender às demandas dentro de suas atribuições e possibilidades.
Sobre o lixo
- A prefeitura informa que a coleta de foco de lixo é feita seguindo um cronograma de trabalho organizado pela secretaria responsável. As coletas de lixo convencional são feitas em todas as terças, quintas e sextas-feiras. Uma equipe do Executivo foi até o Bairro Chácara das Flores para averiguar a situação e tomar as devidas providências.
Sobre os buracos
- As ruas Oscar José Pithan e Aparício Borges são de pedras irregulares e aguardam mão de obra especializada para que o trabalho de conserto possa ser feito.
*Colaborou Rafael Favero
